segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Aberta seleção de métodos alternativos para uso de animais em pesquisas



Estão previstos recursos no valor de R$ 1,1 milhão para propostas voltadas para o financiamento de pesquisas e desenvolvimento e validação de modelo de pele humana na forma de kits para testes de segurança e eficácia

Em busca de encontrar soluções em pesquisas sem a experiência ou uso de animais, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) está selecionando propostas até a quinta-feira (18) para estruturação da Rede Nacional de Métodos Alternativos ao Uso de Animais em Pesquisas (Renama).
Divulgação / Universidade Federal do Pará Para criar alternativas de substituição de animais em pesquisas, os participantes devem encaminhar os projetos pelo site do CNPq
De acordo com o presidente da Federação Latino-Americana de Biofísica, Marcelo Morales, a criação e o fortalecimento do Renama são fundamentais para o avanço da substituição de animais em pesquisas, quando houver comprovação científica da eficácia do método alternativo.
“Neste momento, o Brasil dá os primeiros passos na proliferação desses métodos, mas ainda há uma necessidade muito grande dos animais para a ciência. Só vamos conseguir substituir em alguns casos. Ainda é desta forma - com uso dos animais- que vamos conseguir fazer novas metodologias para a produção de medicamentos e de vacinas não só para uso de seres humanos, mas também dos próprios animais”, explicou.
A legislação brasileira exige que todas as instituições em que são feitas pesquisas com o uso de animais tenham uma comissão de bioética responsável por garantir que não lhes seja causado sofrimento.
A representante no Brasil da organização Worldwide Events to End Animal Cruelty (Weeac), que defende o fim da crueldade contra animais, Patrícia El-Moor, vê com otimismo a iniciativa do governo brasileiro. Embora reconheça que a criação do Renama cause desconfiança entre ativistas que exigem uma resposta mais rápida e definitiva às suas demandas, ela acredita que a rede vai contribuir, de fato, para incentivar pesquisas de métodos substitutivos.

Renama
A Renama foi criada em junho deste ano, no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o objetivo de atuar no desenvolvimento, na validação e na certificação de tecnologias e de métodos alternativos ao uso de animais para os testes de segurança e de eficácia de medicamentos e cosméticos. Outra atribuição da rede é promover maior integração de trabalhos e estudos colaborativos de grupos que atuam nessa área.

Edital de participação
Estão previstos recursos no valor de R$ 1,1 milhão para propostas voltadas para as linhas temáticas: financiamento de pesquisas para implementação em laboratórios, desenvolvimento e validação de modelo de pele humana na forma de kits para testes de segurança e eficácia, e métodos alternativos ao uso de animais.
Podem participar da seleção instituições de ensino superior, públicas ou privadas sem fins lucrativos; institutos e centros de pesquisa e desenvolvimento, públicos ou privados sem fins lucrativos; ou empresas públicas que executem atividades de pesquisa em ciência, tecnologia ou inovação.
As propostas devem ser encaminhadas ao CNPq pela internet, companhadas de arquivo contendo o projeto. A chamada e o regulamento podem ser conferidos no site da instituição.

Método alternativo existente 
Morales, que também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), citou o exemplo de um método certificado internacionalmente para substituir os animais em testes de irritabilidade de pele. Esses kits, com estruturas celulares produzidas em cultura, são comercializados, mas o curto prazo de validade prejudica a importação pelo Brasil.
“O Brasil ainda não usa esse kit porque não conseguimos importar e usar durante o período de validade, que é apenas sete dias. Depois de ser enviado e passar por todos os trâmites da alfândega, o prazo já foi ultrapassado. É muito importante que tenhamos uma rede nacional que faça pesquisa com esses métodos alternativos e nos permita substituir sempre que possível”, avaliou.

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