sexta-feira, 20 de julho de 2012

CORRIDAS


Prática de corrida requer cuidados para evitar lesões nos joelhos

Equilíbrio muscular, programa de treinamento com acompanhamento profissional e um bom tênis são fundamentais para o esporte

Seja na academia ou nas ruas, a prática de corrida tem ganhado cada vez mais adeptos. Isso porque o esporte oferece benefícios para a beleza e saúde do corpo, sem que seja preciso um grande investimento em equipamentos. De acordo com estudiosos, uma hora de corrida, a 11 quilômetros por hora, por exemplo, é capaz de queimar cerca de 700 calorias. Porém, o esporte requer cuidados para evitar lesões, principalmente nos joelhos.

“O impacto de cada passada numa corrida impõe aos joelhos uma sobrecarga que chega a cinco vezes o peso do corpo do praticante. Com o tempo, se não houver o preparo adequado da musculatura dos membros inferiores, o joelho passa a sofrer um processo de desgaste, levando a lesões meniscais e cartilaginosas”, revela o Dr. Paulo Henrique Araujo (CRM-DF 13519), cirurgião ortopedista especializado em trauma ortopédico e cirurgia de joelho, membro das Sociedades Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), de Cirurgia de Joelho (SBCJ), de Trauma Ortopédico (SBTO), Sociedade Latinoamericana de Artroscopia de Joelho e Trauma Desportivo (SLARD) e International Society of Arthroscopy, Knee Surgery (ISAKOS).


Esteira, rua ou pista de atletismo

A diferença da prática de corrida em esteira, rua ou pista de atletismo está tanto no tipo de piso onde o esporte se desenvolve, como nos riscos de cada um deles. “O asfalto é uma superfície mais dura e gera um maior impacto aos joelhos, enquanto que a esteira e a pista de atletismo têm melhor absorção do impacto. Outra diferença diz respeito a possíveis irregularidades do piso que podem levar a entorses. Na rua e numa pista mal conservada de atletismo, os riscos são maiores”, alerta o ortopedista.

Além de um piso mais duro, a prática de corrida nas ruas também conta com um percurso diferenciado, com subidas e descidas que interferem na biomecânica do corpo. “Quando a corrida é praticada em aclive ou declive, os grupos musculares mais envolvidos mudam e as forças que agem nos joelhos também. Nas subidas, o trabalho muscular é maior e, com isso, existe uma diminuição no ritmo e um menor impacto sobre os joelhos. Nas descidas, há a tendência de aumentar o ritmo e, com isso, o impacto pode ser maior e a musculatura do quadríceps passa a ser utilizada para frear a velocidade da descida. Esse mecanismo provoca uma sobrecarga no tendão patelar, no tendão quadriciptal e cartilagem da articulação patelofemoral, podendo desencadear lesões nestas estruturas”, esclarece.


Lesões mais comuns

Segundo o Dr. Paulo Henrique Araujo, as lesões mais frequentes são condropatia patelar (condromalácia), a síndrome do trato iliotibial (joelho de corredor) e as canelites (que podem evoluir para fraturas na tíbia por estresse). “A condromalácia é um problema que acomete a cartilagem da patela, que perde sua consistência normal. Se não for tratado, ele pode progredir para fissuras e perdas cartilaginosas mais extensas. Essa é uma lesão muito comum entre os corredores”, explica.

As lesões nos joelhos podem acometer tantos corredores de longas como de curtas distâncias. “Em todas as modalidades, as estruturas dos joelhos são fortemente afetadas. Os corredores de curta distância se utilizam da explosão muscular para atingir grandes velocidades e, por isso se expõem a impactos maiores, porém com curta duração, enquanto que os corredores de longa distância têm impactos menores por mais tempo”, comenta especialista.

Tratamento conservador

O tratamento varia de acordo com a patologia, mas, de forma geral, é feito por meio do reequilíbrio muscular, sessões de fisioterapia, um bom programa de treinamento e um bom tênis. As condromalácias respondem bem ao tratamento e o paciente volta a praticar as corridas depois de dois a três meses, em média”, revela o ortopedista.

O tratamento cirúrgico é menos frequente, mas possível em casos específicos. “A técnica empregada no tratamento cirúrgico dependerá do grau da lesão apresentada e, principalmente, das causas que levaram ao seu aparecimento”, explica. Apenas um médico especializado poderá avaliar a lesão e indicar o tratamento mais indicado.

Perfil

Dr. Paulo Henrique Araujo (CRM-DF 13519) é cirurgião ortopedista graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, com especialização em trauma ortopédico e cirurgia de joelho. Nos últimos 2 anos, acumulou experiência internacional com estágio em traumatologia ortopédica no Hospital for Special Surgery, em Nova Iorque, sob supervisão do Dr. David Helfit. Também fez parte do Departamento de Ortopedia da Universidade de Pittsburgh – Pittsburgh/EUA, desenvolvendo pesquisas na área de joelho com o chefe da divisão de Medicina Esportiva, Dr. Christopher Harner, e com o Chefe do Departamento de Ortopedia, Dr. Freddie Fu, de quem se tornou assistente direto.  Dr. Paulo é integrante das Sociedades Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), de Cirurgia de Joelho (SBCJ), de Trauma Ortopédico (SBTO), Sociedade Latinoamericana de Artroscopia de Joelho e Trauma Desportivo (SLARD) e International Society of Arthroscopy, Knee Surgery (ISAKOS). O especialista também participa como palestrante e instrutor em diversos congressos e cursos nacionais e internacionais na área de ortopedia, como AAOS meeting, fev/12 da American Academy of Orthopaedic Surgeons; ORS meeting, fev/12 da Orthopaedic Research Society; 13° Congresso Brasileiro de Cirurgia do Joelho 2010; 1a Jornada de Cirurgia do Joelho da Regional do Centro Oeste – 2009; 41° Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia 2009. Com uma intensa atuação acadêmica, Dr. Paulo Araujo possui vários trabalhos científicos publicados em jornais e revistas científicas do meio médico.

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