quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Estudantes de escolas públicas serão avaliados para diagnosticar hanseníase



As visitas serão realizadas por agentes comunitários e profissionais do Programa Saúde da Família nas regiões de maior incidência da doença, em busca de sinais e sintomas

Mais de 9,2 milhões de estudantes de escolas públicas de 800 municípios brasileiros serão avaliados para diagnóstico precoce da hanseníase e de verminoses entre os dias 18 e 22 de março. As visitas serão realizadas por agentes comunitários e profissionais do Programa Saúde da Família nas regiões de maior incidência da doença, em busca de sinais e sintomas.
Divulgação / Fiocruz O paciente deve tomar os medicamentos todos os dias, em casa, e uma vez por mês, nas unidades de saúde Ampliar
  • O paciente deve tomar os medicamentos todos os dias, em casa, e uma vez por mês, nas unidades de saúde
A ação foi apresentada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nessa quarta-feira (27), durante cerimônia de abertura do Encontro Nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), no Rio de Janeiro. Com o slogan “Hanseníase e Verminoses tem cura. É hora de prevenir e tratar”, a campanha visa identificar os casos suspeitos em estudantes de cinco a 14 anos.
Durante a campanha, os profissionais também vão verificar se os jovens já diagnosticados pela doença estão recebendo tratamento médico adequado. Os casos suspeitos serão encaminhados à Rede de Atenção Básica de Saúde para confirmação do diagnóstico e início imediato do tratamento.
A iniciativa também pretende reduzir a carga das verminoses - os parasitas intestinais conhecidos como lombrigas, que causam anemia, dor abdominal e diarreia -, que podem prejudicar o desenvolvimento e o rendimento escolar da criança.  O tratamento será realizado pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Esta ação também prevê a distribuição de dez milhões de cartilhas para orientação de professores e estudantes.

Academia da Saúde
Durante o encontro do Movimento de Reintegração, foi assinada portaria que destina R$ 1,6 milhão para aquisição de equipamentos e materiais para prevenção de incapacidade e reabilitação. Serão equipados dez centros de Prevenção de Incapacidade e Reabilitação, que receberão parcela única de R$ 160 mil.
Outra iniciativa, voltada para a melhoria da qualidade de vida da população acometida pela doença, é a instalação de Academias da Saúde em municípios onde se localizam ex-colônias de hanseníase. As prefeituras de 30 cidades terão prioridade nos pedidos de construção de novos polos do programa, o que corresponderá a um investimento de R$ 4,4 milhões.
“A iniciativa reforça nosso empenho em assegurar a melhoria da qualidade de vida da população, sobretudo a mais vulnerável. Essas academias vão contribuir para a melhoria da qualidade de vida desta população, possibilitando a integração com as comunidades e contribuindo para a eliminação do preconceito e do estigma”, avalia Padilha.

Diminuição dos casos
O Brasil vem avançando para eliminar a hanseníase como problema de saúde pública. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, foi registrada redução de 61,4% no coeficiente de prevalência (pacientes em tratamento) entre 2001 e 2011, passando de 3,99 por 10 mil habitantes para 1,54. No mesmo período, o número de serviços com pacientes em tratamento de hanseníase cresceu 142%, de 3,8 mil unidades, em 2001, para 9,4 mil em 2011.Também houve redução de 25,9% nos casos novos entre 2001 e 2011, que passaram de 45,8 mil para 33,9 mil, respectivamente.
Apesar da diminuição do número de casos, atualmente, a hanseníase ainda está presente em sete estados brasileiros - Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará, Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul -, que têm coeficiente de prevalência acima de três casos para dez mil habitantes, número que representa o dobro na média nacional, de 1,54 casos por dez mil habitantes. A meta do Plano de Eliminação da Hanseníase é menos de um caso para cada grupo de dez mil até o ano de 2015.
“O SUS trabalha para reduzir em 26,9% o coeficiente de detecção de casos novos em menores de 15 anos; aumentar o percentual de cura (90% dos novos) e examinar 80% dos contatos intradomiciliares dos casos novos de hanseníase”, explica o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
A população deve procurar imediatamente o serviço de saúde no caso de aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se essa mancha apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque. “A hanseníase tem cura e, quando a pessoa começa o tratamento, para de transmitir quase que imediatamente”, alertou Barbosa.

Hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos.  Os sinais e sintomas mais frequentes são manchas nas áreas da pele com diminuição de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
Devem ser observadas as manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo e áreas da pele, que não causam coceiras, mas produzem a sensação de formigamento e ficam dormentes, com diminuição ou ausência de dor e da sensibilidade.
A hanseníase é transmitida quando se tem um contato muito próximo com o doente, que apresenta a forma infectante da doença, estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim transmiti-lo para outras pessoas suscetíveis. A doença tem cura, mas pode causar incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio. O tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita e com duração média de seis meses a um ano.

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