O governador Tarso Genro sancionou, nessa sexta-feira (17), no Palácio Piratini,
a lei que determina fornecer aos alunos a biografia das personalidades que dão
nome às escolas da rede estadual. Com a lei, as instituições de ensino terão que
esclarecer e informar os estudantes sobre a história dos personagens,
localidades ou organizações que as denominam.
Segundo o texto do projeto
de lei 241/2012, de autoria da deputada estadual Juliana Brizola (PDT), aprovado
pela Assembleia Legislativa do RS, a Secretaria de Educação (Seduc) ficará
responsável por divulgar o conteúdo por meio de apostilas ou outros meios
pedagógicos. As biografias serão entregues aos alunos no ato da matrícula ou nas
primeiras séries de cada período.
Para a secretária-adjunta de Educação,
Maria Eulalia Nascimento, a lei resgatará questões que deixaram de ser efetivas
no dia-a-dia. "Contribuirá para que as escolas debatam, reconheçam suas
histórias e c onstruam as informações ao lado dos alunos, através de bons
projetos de pesquisa". Para ela, o colégio é uma história com passado, presente
e futuro. "Existem personagens menos conhecidos no interior que participaram da
construção de instituições de ensino. Será importante para a comunidade
continuar escrevendo a história deles", acrescentou.
Interesse
A
lei foi recebida positivamente pelos estudantes - muitos admitem desconhecer as
biografias de suas escolas. De 20 alunos de escolas públicas do Estado
entrevistados por esta reportagem, 16 não souberam responder quem foi ou o que
significa o nome de sua escola. "Acho importante saber mais sobre a história de
quem deu nome ao prédio, vai ser legal", afirmou Luiza Melo, 15 anos, aluna do
1º ano na Escola Estadual Senador Ernesto Dornelles. Nascido em São Borja em
1897, Ernesto Dornelles foi governador do Estado do RS entre 1943 e 1945, e 1951
a 1955; senador da República em 1945 a 194 9 e ministro da Agricultura em 1956.
Ele era primo do ex-presidente Getúlio Vargas, que também levava o Dornelles no
sobrenome.
Aluna do 3º ano do Ensino Médio, Bruna Cardoso, 18, contou
que sua escola - Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho - pouco informa
sobre a vida do presidente do Estado do Rio Grande do Sul (1891, e 1893 a 1898).
"A escola não traz isso para os alunos. Seria interessante estimularem esse
conhecimento internamente", cobrou. Jéssica Couto, 19, do 2º ano, também não
sabe muito a história do político e jornalista, mas comemora a nova lei. "Vai
ser bem legal e produtivo para os alunos. É a história da escola, vamos poder
saber o porquê de ter sido fundada com esse nome", afirmou. Como presidente do
Estado, Júlio Prates de Castilhos, nascido em Cruz Alta, em 1860, teve como
principal feito político a criação da Constituição Estadual de 1891.
A
lei também agradou aos pais e professores. Alice Behs, cuja filha estuda no 1º
ano do Julinho, vê a iniciativa como um incentivo à cidadania. "É importante
eles terem a noção do contexto dessas personalidades. Não só o nome do colégio,
mas tudo que pudermos saber da nossa história é válido para o senso de Estado e
grupo", observou. Já Graciela Fontana, professora de História no Ernesto
Dornelles, aprova a medida desde que a determinação explique detalhadamente a
história. "Gosto da ideia de deixar a memória viva, explicando os porquês, a
relação do personagem com o contexto de época e sua relação com a escola",
ressaltou.
Em curso
Alguns professores, porém, discordam dos
alunos que dizem não receber o conteúdo em aula. Irene Longhi, diretora do
Ernesto Dornelles, afirmou que, além de informar, a instituição planeja aumentar
as atividades específicas relativas à biografia. "Sempre, no primeiro dia de
aula, anualmente, a gente faz uma apresentação em que falamos sobre a histór ia
do prédio e do Ernesto Dornelles", afirmou. Antonio César dos Santos Esperança,
diretor do Julinho, disse que o currículo da instituição prevê a discussão sobre
a história de Júlio de Castilhos. "É algo que vem sendo trabalhado, mas precisa
ser aperfeiçoado", admitiu.
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