Empreendedorismo
feminino avança na última década
Estudo
inédito do Sebrae mostra que empresárias estão mais escolarizadas, dedicam mais
tempo ao negócio, ganham mais e diversificam
atividades
Na
última década, elas ganharam espaço no mercado de trabalho e galgaram posições
de poder na política. A conquista do espaço feminino na sociedade se repete
também no empreendedorismo. Entre 2001 e 2011, o número de mulheres donas do
próprio negócio aumentou em 21%, mais do que o dobro do crescimento verificado
entre os homens. Estudo inédito do Sebrae, As Mulheres Empreendedoras no Brasil
mostra que as empresárias estão mais escolarizadas, têm mais acesso a
informações e ousam empreender em atividades antes predominantemente
masculinas.
“É
um movimento que não tem mais volta. As mulheres chegaram para ficar”, analisa o
presidente do Sebrae, Luiz Barretto. “Elas não empreendem apenas para
complementar a renda da família ou como passatempo. Abrem empresas por
identificar uma demanda de mercado e estão se perpetuando como empresárias de
sucesso, sem espaço para amadorismo”, acrescenta. Prova da conquista definitiva
desse espaço é o aumento da proporção de empreendedoras que sustentam suas
famílias. Em 2001, 59% das empresárias complementavam a renda do marido no
orçamento familiar. Dez anos depois, esse percentual baixou para 50%, enquanto
que a taxa das donas de negócio que são chefes de domicílio subiu de 27% para
37%.
O
estudo do Sebrae mostra ainda que as empresas comandadas por mulheres estão se
mantendo mais no mercado. Na última década, subiu de 48% para 54% a taxa de
empreendedoras com negócios em atividade há mais de cinco anos, frente à redução
da proporção de empresárias que tocam empreendimentos com até dois anos de
criação. Em 2001, esse índice estava em 30%, passando para 25% em
2011.
A
análise histórica por setor também confirma o avanço feminino no mundo dos
negócios. A prestação de serviços e determinadas atividades do comércio, como
lojas de vestuário e acessórios, concentravam 80% das donas de empresas no
início da década passada. Passados dez anos, mais seguras e escolarizadas, as
mulheres despontaram na indústria. Enquanto que a proporção das empreendedoras
com negócios em Serviços caiu de 49% para 33%, a quantidade de mulheres que
empreendem na indústria saltou de 9% para 19% do total de mulheres com negócios
estabelecidos.
As
atividades industriais que mais atraem as donas de negócio são vestuário, que
reúne 47% das empresárias da Indústria. A produção de artigos diversos, entre
brinquedos e bijuterias, também desperta o interesse feminino e concentra 15%
das empreendedoras do setor, seguido pelas indústrias de alimentos e bebidas,
que agrupa 11% das donas de negócios industriais. Comércio e Serviços ainda
aglomeram 64% das empresárias, com destaque para salões de beleza, bares e
lanchonetes e ambulantes e acessórios do vestuário.
A
concentração das mulheres em setores que tradicionalmente apresentam faturamento
mais baixo ainda confere às empreendedoras rendimento inferior a dos homens.
Mais de 70% das donas de negócio faturam até dois salários mínimos. Entre os
empresários, 59% têm rendimento de até R$ 1.356. Em 2001, esse mesmo ganho era
realidade para 66% das empresárias. “A criação do Microempreendedor Individual
também permitiu a formalização de negócios tocados por mulheres de menor renda,
impulsionadas pela ascensão da classe C na última década”, pondera o presidente
do Sebrae. Na década, porém, o rendimento médio real das mulheres donas de
negócio, já descontada a inflação, cresceu 41%, enquanto o rendimento dos homens
cre sceu 37% no período.
Tempo
para dupla jornada
O
estudo do Sebrae mostra ainda que as empresas comandadas por mulheres estão mais
aglomeradas em lojas, oficinas, fábricas ou escritórios. São esses os locais
escolhidos por 36% das empresárias para tocar suas empresas, embora 34% das
donas de negócio empreendam na própria casa.
Quanto
às horas de trabalho, o grupo de empresárias que dedica de 15 a 39 horas reduziu
de 39%, em 2001, para 37% em 2011, mas ainda é predominante. Na década, a média
das horas trabalhadas ficou próxima de 35 horas por semana, com aumento de 17%
para 24% no grupo de empresárias que dedicam ao negócio de 40 a 44 horas.
“Percebemos que o empreendedorismo ainda é uma alternativa para inserir a mulher
na economia formal, sem afastá-la dos cuidados da casa e dos filhos, o que não
impede que as empreendedoras busquem abrir empresas motivadas por uma
oportunidade”, alerta Barretto.
Outra
pesquisa do Sebrae, a GEM 2012, mostra que 65% das iniciativas de
empreendedorismo entre as mulheres nasceu a partir da identificação de uma
oportunidade de mercado. Os dados revelam uma forte mudança no perfil das
empreendedoras nos últimos dez anos, quando em 2002 esse percentual era de
apenas 39%.
Mais
escolarizadas
O
estudo As Mulheres Empreendedoras no Brasil ressalta que a proporção de
empresárias com, no mínimo, Ensino Superior incompleto é quase o dobro do
percentual de homens com a mesma escolaridade. Entre as empresárias, 18% cursam
universidade ou já têm diploma de graduação, enquanto 11% dos empresários donos
de negócio estão na mesma situação.
A
busca por mais qualificação faz com que a mulher empreenda mais tarde. Entre
2001 e 2011, a média de idade da dona de negócio passou de 41 para 43 anos.
Atualmente, 27% delas têm entre 40 e 49 anos e, no início da década passada, a
faixa etária de 29% das empreendedoras estava entre 30 e 39
anos.
O
levantamento do Sebrae aponta que as mulheres têm mais acesso à informação e aos
meios de comunicação do que os homens. Quase 95% das empresárias têm telefone
fixo ou celular em casa, contra 89% dos donos de negócio. A proporção de
empreendedoras que possui microcomputador no domicílio é de 54%, frente a 44% da
proporção de homens. O acesso à internet é realidade para 48% das
mulheres e restrito a 37% dos homens.
A
procura por informação também se repete na procura por orientação no Sebrae. Em
2011, 38% do atendimento da instituição oferecido a empresários foi destinado a
mulheres. No ano passado, as donas de negócio responderam por 46% das
consultorias do Sebrae.
Para
elaborar o estudo As Mulheres Empreendedoras no Brasil, o Sebrae utilizou dados
da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) do IBGE, de 2011, e da
pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada pelo próprio Sebrae,
de 2012. O levantamento considerou como empreendedor, homens e mulheres, aquele
que já possui um negócio.
Mais
informações:
Assessoria de Imprensa Sebrae (61) 2107-9300 (61) 2104-2770/2769/2766(61) 3243-7851 imprensa@sebrae.com.br |
terça-feira, 14 de maio de 2013
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