BRASÍLIA - O Senado aprovou na noite desta terça-feira, 26, por
66 votos favoráveis e nenhum contrário, a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que garante aos trabalhadores domésticos 17 novos direitos, igualando sua
realidade com a dos demais trabalhadores urbanos e rurais. O presidente do
Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiantou que vai levar a proposta
à promulgação na próxima terça-feira, dia 2 de abril.
A proposta, que já havia passado pelo primeiro turno de votação
semana passada, estabelece novas regras, como jornada diária de trabalho de oito
horas e 44 horas semanais, além de pagamento de hora extra de, no mínimo, 50% da
hora normal. Os direitos vão se somar àqueles já existentes, como 13º salário,
descanso semanal, férias anuais e licença gestante.
Mesmo sendo uma matéria de consenso na Casa, tendo tramitado
sem grandes discussões nas comissões pelas quais passou, sete dos 17 itens ainda
precisam ser regulamentados antes de entrar em vigor. Carecem de regulamentação
o direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), hoje facultativo, o
seguro contra acidentes de trabalho, o seguro-desemprego, a obrigação de creches
e pré-escolas para filhos e dependentes até seis anos de idade, o salário
família e a demissão sem justa causa.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 9 milhões de trabalhadores domésticos.
No Estado de São Paulo são 3 milhões e, na Grande São Paulo, 800 mil.
Defesas
Assim como na votação anterior, vários senadores se revezaram
ao microfone para louvar a aprovação da proposta. "É inadmissível que nós
tenhamos até hoje duas categorias de trabalhadores", afirmou o líder do PSB no
Senado, Rodrigo Rollemberg (DF). "Trata-se de um grande momento, de um momento
histórico para as mulheres brasileiras", afirmou a senadora Lídice da Mata
(PSB-BA), relatora da PEC na Comissão de Constituição e Justiça.
A votação foi acompanhada pelo deputado federal e ex-senador
Carlos Bezerra (PMDB-MT), primeiro subscritor da PEC, pelas ministras Eleonora
Menicucci (Política para Mulheres) e Luiza Bairros (Igualdade Racial), por
Delaíde Miranda, ex-empregada e atual ministra do Tribunal Superior do Trabalho,
e pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), ex-empregada doméstica e que
relatou a matéria na Câmara dos Deputados. Ela foi elogiada por sua atuação em
favor da proposta. O senador Magno Malta (PR-ES) chegou a defender que se batize
a norma de "Lei Benedita da Silva".
Aplaudida em plenário e sentada na Mesa Diretora, a presidente
da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria Oliveira,
defendeu a PEC. "Nos primeiros meses, quando o salário aumenta, o patrão demite,
mas depois contrata novamente, porque quem trabalha fora precisa de alguém para
trabalhar, mas as pessoas acham que pagar para empregada doméstica é absurdo.
Haverá uma acomodação no mercado", afirmou.
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