Marcelo Brandão e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil
O veto da presidenta Dilma Rousseff à multa extra de 10% do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não prejudicará a geração de empregos,
disse hoje (25) o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Segundo ele, a criação de
postos de trabalho não será afetada porque a multa extra existe desde 2001 e não
pressiona a economia.
“Essa medida está vigente há quantos anos? Ela não era temporária, se fosse
já teria terminado o prazo de vigência. Era para recompor o caixa [do FGTS] e
continuou”, declarou o Dias, depois de se reunir com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega.
De acordo com o ministro, a decisão não foi apenas do Ministério do Trabalho,
mas de todo o governo. Ele reiterou a justificativa da Casa Civil para o veto,
dizendo que o fim da multa extra prejudicaria investimentos em infraestrutura
financiados com recursos do FGTS, além do Programa Minha Casa, Minha Vida. “Isso
[o fim da multa] representaria um corte substancial no maior projeto em
andamento no Brasil, que é a construção de casas populares”, declarou.
Por meio de um acordo para repor perdas do FGTS com planos econômicos, desde
2001 os empresários pagam 50% de multa ao demitir um empregado sem justa causa.
Desse total, 40% vão para o trabalhador, e os 10% extras são destinados ao
fundo. Alegando que a conta dos planos econômicos já foi paga, o Congresso
aprovou o fim dos 10%, mas a presidenta Dilma vetou a medida, alegando prejuízos
para investimentos em infraestrutura e programas sociais financiados pelo FGTS,
que totalizam cerca de R$ 4 bilhões por ano.
Em relação ao reajuste de 9% do seguro-desemprego,
anunciado na última terça-feira (23) pelo Ministério do Trabalho, Dias
declarou que a decisão depende apenas do Conselho Deliberativo do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (Codefat) e que a responsabilidade fiscal está sendo
levada em consideração.
“É claro que tem de haver responsabilidade fiscal, mas o conselho está
levantando essas questões todas, o que isso representa, para que a gente possa
discutir baseado nesse trabalho”, alegou o ministro. Ele ressaltou, no entanto,
que ainda não existe decisão tomada sobre o assunto.
Logo depois que o secretário executivo do Ministério do Trabalho anunciou o
reajuste de 9% no benefício, o Ministério da Fazenda informou, por meio da
assessoria de imprensa, que não existe espaço fiscal para o gasto extra,
estimado em R$ 250 milhões até o fim do ano, e
negou ter dado aval à medida.
O ministro do Trabalho disse ter discutido com Mantega, os resultados da
reunião do G20, ocorrida no fim da semana passada na Rússia. O encontro reuniu
os ministros do Trabalho e das Finanças dos 20 países mais ricos do mundo, mas
teve a ausência de Mantega, que ficou em Brasília para definir os novos cortes
no Orçamento.
Segundo Dias, o Brasil foi destaque no encontro por ser um dos poucos países
do grupo que continua a criar postos de trabalho, em meio à crise econômica
mundial. “O Brasil é um dos únicos países a gerar emprego e a crescer, enquanto
os Estados Unidos e a própria China reduziram bastante a criação de postos de
trabalho. O tema dessa reunião era exatamente o emprego. Como fazer políticas
públicas para gerar emprego, especialmente para a juventude”, disse o
ministro.
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