Indefinição
sobre marco regulatório coloca em risco futuro do biodiesel
Empresários
e parlamentares cobraram decisão do governo sobre aumento da mistura do
biodiesel no diesel fóssil
Uma comitiva formada
por empresários e lideranças da Frente Parlamentar do Biodiesel cobrou, nesta
terça-feira (2), no Ministério de Minas e Energia, uma definição do governo
sobre o novo marco regulatório para o setor, que prevê o aumento da mistura do
combustível verde no diesel fóssil. Por motivos de saúde, o titular da pasta,
Edison Lobão, não pôde comparecer e delegou ao secretário adjunto de
Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, João
Souto, a tarefa de colher as demandas.
Presidente da Frente
Parlamentar do Biodiesel, colegiado que reúne cerca de 280 integrantes na Câmara
e no Senado, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) afirmou que a inércia do
governo pode jogar fora um programa construído com a ajuda da própria presidente
Dilma Rousseff quando ainda era ministra. Jerônimo contestou o argumento de que
o aumento da mistura poderia provocar efeitos inflacionários. “Apresentamos
estudos técnicos para a Casa Civil provando o contrário e até hoje não tivemos
um retorno. O biodiesel está mais barato que o diesel e o incentivo à produção
reduziria a necessidade de importação de diesel. Agora precisamos de um sim ou
de um não. O governo precisa deixar claro se quer acabar com um projeto que ele
mesmo criou”, disparou o parlamentar.
Proprietário da BSBios e
presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo
Carlos Battistella argumentou que o setor precisa de uma sinalização clara sobre
a continuidade do programa. Já o presidente da Câmara Setorial de Oleaginosas e
Biodiesel, Odacir Klein, destacou que as empresas trabalham apenas com 40% de
sua capacidade e estão mobilizadas para poder contribuir com a economia na
geração de emprego e renda, além dos ganhos ambientais. Os dirigentes setoriais
também alertaram que a falta de um marco legal pode levar ao crescimento de um
mercado paralelo e à consequente multiplicação de ações ilegais.
O setor lamenta que,
mesmo diante de uma safra recorde de soja, o Brasil aumentará a exportação da
matéria-prima bruta e sem valor agregado. A proposta inicial do novo marco
regulatório do biodiesel eleva dos atuais 5% (B5) para 7% (B7) o nível de
mistura do produto no diesel. O cronograma prevê um aumento gradual até chegar a
10% (B10) em 2020. “Hoje, esta agenda não existe mais. Mas estamos abertos a
construir uma alternativa através do diálogo”, finalizou o presidente da Frente
Parlamentar do Biodiesel, Jerônimo Goergen. O setor volta a se reunir nesta
quarta-feira (3) para traçar uma nova estratégia de pressão e espera a
confirmação de uma nova agenda com o ministro de Minas e Energia, Edison
Lobão.
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