Transferência de tecnologias reafirma a importância do
Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa
A cafeicultura brasileira é considerada sustentável e uma
das mais modernas do mundo. No Brasil, o maior produtor e exportador de café e
segundo maior consumidor em nível mundial, a atividade tem contribuído social e
economicamente para o desenvolvimento do País, gerando emprego e renda. Para que
o produto tenha valor agregado no mercado, é imprescindível investir também na
melhoria da qualidade. É o que estão fazendo instituições participantes do
Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa
Café, Unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – Embrapa,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.
Nesse sentido, está em execução, entre outros, o projeto
Transferência de Tecnologias para Melhoria da Qualidade do Café Produzido Pela
Agricultura Familiar, cujo objetivo principal é instalar unidades demonstrativas
de tecnologias de pós-colheita e realizar treinamentos nas principais regiões
produtoras. O projeto privilegia a transferência de um conjunto de tecnologias
de pós-colheita desenvolvidas no âmbito do Consórcio, de baixo custo e voltadas
principalmente para a agricultura familiar para constituir infraestrutura mínima
para produção de café com qualidade. São elas: abanadora manual, lavador portátil, terreiro secador
híbrido, Sistema de Limpeza de Águas Residuárias – SLAR e silo
secador. A iniciativa - realizada em
conjunto pela Embrapa Café, Embrapa Rondônia,
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper,
Universidade Federal de Viçosa – UFV e Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig – abrange
inicialmente os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rondônia.
O projeto contempla muitas das ações previstas no Plano
Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Cafeeiro 2012/2015, do Departamento
do Café, da Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Decaf/Mapa/SPAE), que tem como uma de suas prioridades
desenvolver ações de difusão e transferência de tecnologia. O Plano também é
resultado de uma ampla discussão que envolveu instituições representativas do
setor cafeeiro, inclusive Embrapa Café e Consórcio Pesquisa Café.
Capacitações em 2012 - Com o objetivo de
incentivar a aplicação dessas técnicas em prol da qualidade do café e promover a
sustentabilidade do processo de produção, foi realizado em outubro, no Campo
Experimental da Embrapa Rondônia em Ouro Preto D´Oeste, o “Treinamento para
melhoria da qualidade do café em Rondônia”. O evento foi
voltado para produtores, técnicos, líderes rurais e profissionais da
cafeicultura e abordou tecnologias de colheita e pós-colheita adaptadas à
agricultura familiar.
Treinamento realizado em Guaxupé-MG sobre o Reúso e
Aproveitamento Agrícola da Água Residuária durante o Workshop de Desenvolvimento
Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé – Cooxupé, a maior
cooperativa de café do Brasil reuniu cerca de 100 pessoas, entre técnicos da
Cooxupé e produtores. O objetivo foi difundir a tecnologia, desenvolvida pelo
pesquisador da Embrapa Café Sammy Fernandes, com recursos do Fundo de Defesa da
Economia Cafeeira – Funcafé em parceria com Incaper e Epamig, para que seja
adotada por pequenos, médios e grandes cafeicultores.
O treinamento abordou subtemas como processamento do café cereja descascado, reutilização da água residuária no processamento do café, destinação da água residuária – aspectos legais, aproveitamento agrícola da água residuária e demonstração do SLAR –, instalação e funcionamento do sistema para reutilização da água no processamento.
O treinamento abordou subtemas como processamento do café cereja descascado, reutilização da água residuária no processamento do café, destinação da água residuária – aspectos legais, aproveitamento agrícola da água residuária e demonstração do SLAR –, instalação e funcionamento do sistema para reutilização da água no processamento.
Outro treinamento abordou tecnologias de colheita,
processamento e secagem de café para agricultura familiar e envolveu 23
estudantes de 4º ano da Escola do Movimento de Educação Promocional do Espírito
Santo - Castelo. Na ocasião, houve palestra sobre tecnologias de colheita e
pós-colheita adaptadas à agricultura familiar. Os participantes puderam ainda
acompanhar no campo as práticas da colheita para obtenção de cafés superiores;
processamento via úmida de café e reúso de água com o emprego do SLAR e as
tecnologias de secagem de café arábica, entre outras.
Outras ações – Treinamento de 65
agricultores e lideranças rurais de Venda Nova do Imigrante – ES; reforma e
aperfeiçoamento do SLAR na Fazenda Experimental de Venda Nova-ES; elaboração de
unidades portáteis; instalação de duas fornalhas para reforma e de terreiro
secador híbrido em Venda Nova e na Fazenda Experimental de Machado-MG; reposição
de fornalha, habilitação do terreiro secador híbrido e instalação do SLAR na
Embrapa Rondônia; instalação de silo secador na UFV e na fazenda da Epamig em
Ponte Nova; aquisição de quatro unidades portáteis da abanadora manual e lavador
portátil para treinamentos. Também houve participação das instituições do
Consórcio em exposições agrícolas (Semana do Fazendeiro, em Viçosa-MG;
GranExpoES; Superagro, em Belho Horizonte-MG; Conferência Internacional de
Coffea Canephora, Vitória-ES, além de outras), identificação de demandas
tecnológicas, avaliação de impactos de tecnologias do Consórcio Pesquisa Café e
implementação da carteira e qualificação de tecnologias.
Tecnologias de pós-colheita – Consistem
basicamente em máquinas e estruturas de baixo custo e com alta produtividade de
café com qualidade - especialmente concebidas para a cafeicultura familiar e
desenvolvidas para as etapas de abanação, lavagem, separação, secagem e
armazenamento dos grãos processados - que oferecem, infraestrutura mínima para
que, independentemente das condições climáticas, a cafeicultura possa produzir
melhores cafés. Essa infraestrutura prevê a condução correta da lavoura, além de
processos de preparo, secagem e armazenagem fundamentais para a manutenção da
qualidade do produto após a colheita. “Desde que possua infraestrutura adequada,
é durante a colheita e nas operações subsequentes que a cafeicultura pode fazer
a diferença na produção de café de qualidade. Se obtiver financiamento, o
cafeicultor pode optar pela colheita seletiva que, além de fornecer lotes de
primeira qualidade, não danifica o cafezal e mantém uma excelente produtividade
média durante o período produtivo”, explica o professor e pesquisador da UFV
Juarez de Sousa e Silva.
Nas regiões produtoras, a colheita do café normalmente é
feita de uma só vez, por meio de derriça de todos os frutos produzidos pela
planta. Quando a derriça é feita com uso da peneira, além dos grãos, são
recolhidos também folhas e ramos. Na derriça feita diretamente no chão, torrões
e pedras são recolhidos junto com os frutos. A retirada das impurezas e a
formação de lotes de café com potencial de originar bebida de melhor qualidade
são feitas na pós-colheita, mediante a retirada e a seleção dos defeitos
intrínsecos e extrínsecos do café. Com o uso das tecnologias de pós-colheita,
fundamentais para a manutenção da qualidade do produto, além da condução correta
da lavoura, é possível obter mais renda e competitividade nos mercados interno e
externo.
“A busca por produção com qualidade e os melhores meios
de comercialização devem ser as principais metas da cafeicultura. Com programas
de transferência e difusão de tecnologias e política justa para financiamento da
infraestrutura de pós-colheita, com juros e tempo compatíveis com a atividade, a
cafeicultura será a responsável por melhor distribuição de renda, geração de
emprego e manutenção do homem no campo”, afirma o pesquisador da UFV.
O processamento dos frutos do cafeeiro possibilita ainda
obter café cereja descascado, produto com valor diferenciado no mercado. Como
esse processo consome muita água e gera água residuária, busca-se a reutilização
da água no processamento como opção para reduzir esse gasto. Sua função é
remover os resíduos sólidos na água proveniente do processamento de frutos,
viabilizando sua reutilização e reduzindo o gasto de água em até 90%.
Além da contribuição ambiental, o SLAR tem a vantagem de
ser tecnologia acessível a pequenos produtores por seu baixo custo de instalação
e manutenção. “É constituído por caixas de decantação interligadas e peneiras
estáticas. Após a remoção dos resíduos sólidos, a água é novamente conduzida
para a caixa de abastecimento, para reutilização no processamento, ou
direcionada à fertiirrigação da cultura. Os resíduos sólidos retirados poderão
ser utilizados na produção de adubos orgânicos”, explica o pesquisador Sammy
Fernandes, da Embrapa Café.
Consórcio Pesquisa Café - Maior programa
mundial de pesquisas de café, coordenado pela Embrapa Café. Essa rede integrada
de pesquisa reúne instituições brasileiras de pesquisa, ensino e extensão
estrategicamente localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu
modelo de gestão incentiva a interação entre as instituições e a união de
recursos humanos, físicos, financeiros e materiais, que permitem desenvolver
projetos inovadores. A evolução da cafeicultura brasileira, ao longo dos últimos
15 anos, comprova a importância dos trabalhos de pesquisa. Hoje reúne mais de
700 pesquisadores de cerca de 40 instituições desenvolvendo 74 projetos com 355
Planos de ação.
Criado por iniciativa de dez instituições ligadas à
pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária
de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto
Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio,
Universidade Federal de Lavras - Ufla e
Universidade Federal de Viçosa - UFV.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com apoio
financeiro do Funcafé, do Mapa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário