Proibição de cigarro com sabor corre risco em 2013
Um dos
grandes desafios de 2013, na avaliação do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS),
será enfrentar a pressão e a força econômica da indústria do fumo na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. Isso porque deve
entrar em votação em fevereiro o Projeto de Decreto Legislativo nº 3034/2010,
que pretende suspender a proibição de cigarros com sabor no Brasil. Segundo
Perondi, a Frente Parlamentar da Saúde, da qual é o presidente, está mobilizada
e vai trabalhar para impedir que o Projeto de Decreto Legislativo seja
aprovado.
O objetivo
do Projeto é sustar os efeitos da Consulta Pública nº 112, da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – Anvisa, que proibiu a utilização de aditivos em todos
os produtos derivados do tabaco fabricados e comercializados no Brasil. A
decisão da Anvisa estabeleceu prazo de 18 meses para a indústria tirar do
mercado brasileiro todo tipo de cigarro com sabor, inclusive de cravo e mentol,
bem como o uso de substâncias que potencializem a ação da nicotina no
organismo.
Para
Perondi, é muito triste que a Comissão de Constituição e Justiça esteja
discutindo este tema, principalmente porque o fumo mata. É um dos responsáveis
diretos por mais de 200 mil mortes de brasileiros por ano, principalmente por
câncer e doenças do coração. “Nós conseguimos retirar a propaganda do cigarro da
TV e do rádio e o consumo está caindo. A indústria, para tentar recuperar os
níveis de consumo, inventou o cigarro com aroma e sabor. Nós não podemos
permitir que eles continuem no mercado”, afirmou Perondi.
Segundo o
parlamentar gaúcho, “o Poder Legislativo não pode regulamentar, por exemplo,
sobre a cor dos carros produzidos pelas montadoras. Nós, deputados, também não
podemos interferir numa decisão da Anvisa, que é um órgão técnico, sobre
questões do fumo em relação à saúde”. Perondi reiterou que o produtor de fumo
pode continuar plantando, pois 90% da produção é destinada ao mercado externo.
“Não somos contra o agricultor e sim contra a indústria, que trabalha para
aumentar o consumo. E infelizmente a Receita Federal e o Governo ficam
assistindo, pois só estão preocupados com o aumento da arrecadação, enquanto as
doenças e as mortes se acumulam”, completou.
Baseando-se
em estudos científicos, a Anvisa chegou à conclusão que os aditivos de sabor não
tornam o cigarro mais danoso ao organismo, mas são usados para “atrair” novos
fumantes, principalmente os mais jovens. Segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS), 90% dos fumantes se viciam antes dos 19 anos de idade. Já estudos
da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Fundação Oswaldo Cruz dão conta
de que 60% dos adolescentes que fumam preferem os cigarros
mentolados.
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