Desmistificando
a epilepsia
Neurocirurgião
contextualiza os sintomas da doença, como a crise epiléptica
O pintor holandês Vincent van
Gogh, os escritores Fiódor Dostoiévski e o brasileiro Machado de Assis não
tinham em comum apenas o talento artístico-literário. Esses gênios
compartilhavam também uma doença que atinge cerca de 50 milhões de pessoas no
mundo: a epilepsia, que tem como sintoma mais conhecido entre a população o
ataque epilético. Machado de Assis, por exemplo, chegou a descrever a epilepsia
em uma de suas obras, em Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Não
digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica
(...)".
Dr.
Luiz Daniel Cetl, neurocirurgião especialista em epilepsia, explica que
a doença é uma síndrome caracterizada por um conjunto de sintomas que são
originados de um grupo de neurônios disfuncionantes, que emitem sinais atípicos
ou irregulares. No Brasil, a taxa de epilepsia é de aproximadamente 1,8%, sendo
mais comum na infância. “As crises da doença podem ser dividas, em parciais, que
atingem apenas uma parte do cérebro, ou generalizadas, que afetam todo o órgão”.
A epilepsia não é contagiosa, em uma doença mental, esclarece Cetl,
esplecialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), membro do grupo
de tumores do Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e integrante da diretoria da Associação dos Neurocirurgiões do Estado
de São Paulo (SONESP).
O médico subdivide ainda as
crises parciais, que podem ser divididas em simples, sem o comprometimento da
consciência, e complexas, em que há algum grau de comprometimento da
consciência, como seu enfraquecimento, ou até mesmo a sua perda. “Outro tipo da
doença é caracterizado como crise parcial complexa, quando o paciente epiléptico
pode apresentar ‘desligamentos’, mostrar olhar fixo e perder o contato por
alguns segundos com o meio que o cerca, fazendo movimentos automáticos. Quando
ocorrem esses movimentos involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falar de
modo incompreensível ou andar sem direção definida. Em geral, o paciente não se
recorda do que aconteceu”, conta o neurocirurgião.
Luiz Daniel desmitifica
que, apesar do sintoma da epilepsia mais conhecido entre a população ser
caracterizado como “ataque epiléptico”, em que a pessoa perde a consciência e
cai no chão, apresentando contrações musculares em todo o corpo, mordedura da
língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar, os
sintomas da doença podem ser variados, dependendo da localização do grupo de
neurônios, como flashes e luzes à movimentação espontânea e incontrolável de
mãos, braços e pernas.
O tratamento convencional para a
epilepsia é por via medicamentosa, com uso das chamadas drogas antiepilépticas
(DAE), eficazes em cerca de 70% dos casos (há controle das crises) e com efeitos
colaterais diminutos. Quando não há controle destes sintomas, outros tratamentos
possíveis são a cirurgia, a estimulação do nervo vago e dieta cetogênica. No
entanto, apenas um profissional, analisando o caso, poderá indicar o tratamento
apropriado para o paciente.
Por fim, o neurocirurgião
ressalta que o objetivo do tratamento é garantir uma melhor qualidade de vida ao
paciente. “Quando não tratadas, a qualidade de vida do epiléptico é fortemente
afetada. Por não ter controle das crises, muitas vezes o paciente não consegue
manter o emprego e/ou os estudos, além de estar mais propício a acidentes. Outra
grave consequência é relacionada ao estado de mal convulsivo (várias convulsões
seguidas, sem recuperação entre elas), que se não tratado rapidamente, pode
levar a danos cerebrais definitivos. No entanto, com acompanhamento médico e,
consequentemente, com o devido tratamento, pacientes com epilepsia levam uma
vida normal, muitos alcançando destaque profissionalmente”.
Fonte para
entrevista:
Dr. Luiz Daniel
Cetl é referência no tratamento das epilepsias e tumores cerebrais.
Especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), membro do grupo
de tumores do Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e integrante da diretoria da Associação dos Neurocirurgiões do Estado
de São Paulo (SONESP). Atua ainda como preceptor de cirurgia de tumores
cerebrais no Departamento de Neurocirurgia da Unifesp.
Dr. Luiz Cetl na Web:
Facebook: https://www.facebook.com/dr.luizcetl
Twitter: https://twitter.com/DrLuizCetl
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