A escassez de profissionais qualificados atinge 72% do setor industrial gaúcho,
índice superior à média do País (65%). De acordo com a Sondagem Especial Falta
de Trabalhador, realizada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul
(FIERGS), os maiores gargalos estão nas ocupações de operadores de produção
(86,8%) e de nível técnico (77,4%). “A escassez de mão de obra deixa evidente a
importância da qualificação como forma de aumentar a produtividade da economia.
Caso isso não ocorra, enfrentaremos nos próximos anos uma forte redução do nosso
potencial de crescimento”, afirmou o presidente da entidade, Heitor José Müller.
Enquanto a falta de trabalhador qualificado
teve redução nos últimos três anos no País, o problema acelerou no Estado. Em
2010, a média brasileira era de 67% e no Rio Grande do Sul, de 70%. Entre os
significativos impactos nas indústrias gaúchas, segundo 82% dos entrevistados,
estão as dificuldades em aumentar a produtividade e em evitar
desperdícios.
Em 97,2% das empresas gaúchas
entrevistadas há mecanismos para lidar com a carência de qualificação. O
principal deles é a realização de capacitação na própria indústria (83%),
seguido por uma política de retenção de profissionais e a oferta de maiores
salários e benefícios (52%). “As pressões geradas sobre as remunerações elevam
os custos de produção e reduzem a competitividade. Esta alternativa, mesmo sendo
uma solução de curto prazo, causa sérios desequilíbrios, se colocando como um
forte limitador ao crescimento no longo prazo”, destacou o presidente da FIERGS.
A realização de investimentos em automação tem sido mais uma alternativa adotada
por parte dos empresários (22%) para amenizar o estrangulamento do mercado de
trabalho.
A pesquisa verificou que 100% das
indústrias precisam investir na qualificação dos seus profissionais, mas 92,5%
encontram obstáculos para fazê-lo, tais como a alta rotatividade (48%), devido a
forte concorrência no mercado por trabalhadores preparados, e o fraco nível da
educação básica (47%). Neste último caso, os conhecimentos fundamentais são
precários por causa da baixa qualidade do ensino. O pouco interesse dos
trabalhadores em participar de ações de qualificação (33%) também se destaca.
“Isto mostra que, além de todas as deficiências estruturais existentes no País,
há um problema cultural, o que se configura como uma difícil barreira de se
transpor”, avaliou Müller.
Já o número de
empresários que teriam dificuldades em liberar o trabalhador para fazer cursos é
pequeno (12%). “Desta forma, os empecilhos encontrados para investir em
qualificação estão muito mais atrelados a questões relacionadas à capacitação e
ao interesse dos trabalhadores para receber este treinamento, do que a
indisponibilidade por parte da indústria em conceder estes treinamentos”,
concluiu o industrial.
Uma das iniciativas do
setor industrial a fim de amenizar o problema, é o projeto Educação para o Mundo
do Trabalho. Liderado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o projeto
mobiliza empresários, governos, educadores, pais e alunos com o objetivo de
acelerar a transformação da educação brasileira. O plano é voltado especialmente
aos trabalhadores da indústria, aos jovens do ensino médio e às pessoas entre 18
e 24 anos que não estudam e não trabalham. No Rio Grande do Sul, o
lançamento ocorreu em 14 de agosto com a participação de 113 pessoas e o próximo
passo é estabelecer um plano de ação em encontro que será realizado em dezembro.
A meta é oferecer a esses grupos da população caminhos para o desenvolvimento
pessoal e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade do trabalho no
Brasil.
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